O PODER DO BRICS | ATUALIDADES



Até o início do século XXI, os Estados Unidos reinaram quase absolutos no planeta, tomando decisões unilaterais e ignorando recomendações da ONU, como ocorreu, por exemplo, com a invasão ao Iraque em 2001. Com o final da Guerra Fria, em 1991, parecia que ninguém mais poderia fazer frente aos estadunidenses, assinalando o fim da história para muitos.

Jim O’Neil, então economista chefe do Goldman Sachs em 2001, um dos principais bancos de investimentos do mundo, apontou no relatório “Melhoria do BRIC na economia global”, na tradução para o português, o potencial de quatro países na economia do planeta, cunhando, assim, a ideia de Brasil, Rússia, China e Índia como destaques.

Em 2006, estes quatro países formaram o BRIC, um grupo que respondeu por cerca de 65% do crescimento do PIB global entre 2003 e 2007. Em 2011, por ocasião da terceira cúpula do grupo, a África do Sul foi incorporada, redefinindo a sigla para BRICS.

Ao longo dos últimos anos foram promovidos diversos avanços a partir do alinhamento da política externa destes países. Entre eles está o Novo Banco de Desenvolvimento, criado oficialmente em 2014. A instituição se apresentou como uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, normalmente a serviço do neoliberalismo e das tradicionais potências do Norte.

Entre as funções do banco está o impulso às economias emergentes, investindo na infraestrutura e no desenvolvimento sustentável, buscando fortalecer o Sul Global. Aqui cabe um parêntesis: quando nos referimos a norte e sul no sentido geopolítico, nos referimos à antiga regionalização que considerava os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. 

O fato é que os países desenvolvidos situavam-se no hemisfério norte do planeta, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia que, apesar de estar fisicamente no hemisfério sul, pertence ao norte global.

Em 2021 novos membros foram adicionados ao NBD: Bangladesh, Emirados Árabes e Egito. O Uruguai está na espera como membro possível de ser aceito até que cumpra as exigências do grupo. Além do banco, o BRICS criou o Arranjo de Contingente de reservas, um fundo para socorrer os países-membros em caso de crise e outras necessidades.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul passaram a cooperar em diversas áreas, promovendo encontros e reuniões setoriais para debater soluções e trocar experiência nas áreas de saúde, economia, educação, ciência e tecnologia, compartilhando entre eles o conhecimento.

O BRICS é um grupo de enormes dimensões. Em 2021, ele respondeu por uma gigantesca população, com seus cerca de 3.237 bilhões de habitantes somados, sendo quase metade das pessoas do planeta. Para se ter uma ideia, esse número é extremamente maior do que o dos Estados Unidos, 331,9 milhões, e dos países que compõem a União Europeia, 448, 4 milhões. Essa condição representa um enorme mercado potencial, além de uma farta oferta de mão de obra, representando uma grande vantagem econômica.

No mesmo ano o grupo totalizou um Produto Interno Bruto de aproximadamente 24,71 trilhões de dólares, maior do que o dos Estados Unidos, que naquele ano fez 23,32 trilhões, e o dos países da União Europeia, que ficou aproximadamente 18,3 trilhões de dólares.

Em 2023 se discutiu a ampliação do grupo, com vários países interessados em participar, como a Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Arábia Saudita. O grupo também idealiza uma moeda comum para as trocas comerciais entre seus países membros, fortalecendo ainda mais o bloco e possibilitando o surgimento de uma nova ordem, onde o Sul Global possa ter um papel de maior destaque.

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