A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA - PARTE 07 | FICHAMENTO




 TEXTO ANTERIOR: A DIVERSIDADE REGIONAL

SANTOS, Milton. A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2013.

BRASIL URBANO E BRASIL AGRÍCOLA

E NÃO APENAS BRASIL URBANO E BRASIL RURAL

“Que outras inferências retirar da expansão do meio técnico-científico e da consequente divisão do país em espaços da racionalidade, espaços inteligentes e espaços incompletamente tecnizados, espaços opacos?” (p. 73)

Santos aponta a repartição do território brasileiro como fruto da urbanização e do avanço do capitalismo no campo. O autor fala dos espaços agrícolas e dos espaços urbanos como regiões, diferenciando-os do rural e do urbano.

Tal classificação se dá por conta da presença de cidades nas regiões agrícolas e pela ocorrência de atividades rurais nas regiões urbanizadas, em que terrenos são utilizados para atividades agrícolas, além de áreas rurais adaptadas às demandas urbanas dentro dos limites metropolitanos.

Milton Santos alerta para os desafios metodológicos dessa categorização, visto que a desigualdade entre regiões mais e menos desenvolvidas é muito grande. Nas áreas onde a economia é mais atrasada, as demandas do mundo rural são menores, caracterizando um baixo nível de renda e de modernização incipiente ou ausente. Assim, permanecem nessas localidades a velha dicotomia rural-urbano.

Nas regiões mais desenvolvidas, o processo de modernização foi anterior à ao adensamento populacional já que,

“A implantação das inovações se dá com uma população relativamente menor do que em outras áreas onde a modernidade vem superpor-se a um um fenômeno de densidade. O tamanho da população é, pois, um fator a não desconsiderar, junto com o nível de sua renda e de sua demanda” (p. 75)

Outro desafio metodológico para a classificação em Brasil urbano e Brasil Agrícola, se encontra na delimitação da região urbana. Santos usa como exemplo as regiões metropolitanas, onde as cidades interagem promovendo uma divisão interna do trabalho. O autor fala, ainda, da existência de mais regiões metropolitanas além das oficiais. Sendo assim,

“Haveria, então, um Brasil urbano e um Brasil agrícola, em que o critério de distinção seria devido muito mais ao tipo de relações realizadas sobre os respectivos subespaços. Não se trataria mais de um Brasil das cidades oposto a um Brasil rural” (p. 75)

No Brasil agrícola, a modernidade está presente nas áreas de exportação, ocorrendo uma profunda relação entre o mundo rural e o mundo urbano. As cidades, nessas áreas, estão diretamente ligadas à atividade agrícola circundante e toda a vida social e econômica é comandada pelo campo.

O Brasil urbano, por sua vez, possui áreas de exportação tanto rural quanto urbana, sendo esta última predominante. Existe uma maior divisão do trabalho em proporção a importância da região urbana, com as atividades secundárias e terciárias com papel de comando sobre a produção agrícola. Santos, no entanto, reforça que,

“Essa subdivisão do País em um Brasil urbano e um Brasil agrícola somente tem validade como generalização, não prescindindo, desse modo, de análise mais aprofundada, ainda por fazer, das especificidades dos diversos subespaços” (p. 76)

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