A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA - PARTE 08 | FICHAMENTO

 

TEXTO ANTERIOR: BRASIL URBANO E BRASIL AGRÍCOLA

SANTOS, Milton. A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2013.

URBANIZAÇÃO CONCENTRADA E METROPOLIZAÇÃO

“Desde a revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos  1950, tivemos, primeiro, uma urbanização aglomerada, com o aumento do número - e da população respectiva - dos núcleos com mais de 20 mil habitantes e, em seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades de tamanho intermédio, para alcançarmos, depois, o estágio de metropolização, com o aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes cidades médias.” (p. 77)

Neste capítulo, Milton Santos classificou as cidades brasileiras em categorias, sendo elas as aglomerações com mais de 20 mil habitantes, os espaços urbanos com mais de 100 mil habitantes e as cidades milionárias.

As cidades com mais de 20 mil habitantes saltou de 15% da população total do país em 1940 para 51% dos habitantes do Brasil em 1980. A população desses centros urbanos cresceu 4,58 vezes entre 1950 e 1980, passando de 13 640 237 habitantes para 62 543 148. Segundo o autor,

“A população urbana das aglomerações com mais de 20 mil habitantes cresce mais depressa que a população total e que a população urbana do país, e o mesmo fenômeno também se verifica em escala regional. Considerando-se as cinco grandes regiões em que o território nacional está dividido, o incremento maior nos decênios de 1960-1970 e 1970-1980 verifica-se no Norte e no Centro-Oeste, respectivamente.” (p. 80)

Neste crescimento foi possível notar as diferenças regionais, onde os maiores aumentos populacionais se deram nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, ficando o Nordeste e o Sudeste abaixo da média nacional de crescimento.

Santos ainda questiona se essas aglomerações, com mais de 20 mil habitantes, podem ser consideradas cidades médias. Questão que ele mesmo responde ao afirmar que as interpretações dos dados estatísticos se dão de diferentes formas a depender do tempo e dos objetivos da pesquisa. Além disso, as próprias transformações demográficas podem alterar o conceito de cidade média, que, a partir da década de 1970, são consideradas as aglomerações com mais de 100 mil habitantes.

Estas estão em acelerado ritmo de crescimento. Em 1940, eram apenas 18 aglomerações deste tipo, saltando para 183 municípios em 1991. Para Santos, essa transformação se deu porque,

“A expansão e a diversificação do consumo, elevação dos níveis de renda e a difusão dos transportes modernos, junto a uma divisão do trabalho mais acentuada, fazem com que as funções de centro regional passem a exigir maiores níveis de concentração demográfica e de atividades. Somente nas áreas mais atrasadas é que tais funções são exercidas por núcleos menores.” (p. 82)

Quando são analisadas as grandes regiões brasileiras, o Sudeste e o Sul concentram a maioria das cidades com mais de 100 mil habitantes. Mas, em escala nacional, houve um espraiamento deste tipo de cidade. As aglomerações com população entre 100 mil e 200 mil estavam presentes em 9 estados em 1940. Já em 1980, 26 unidades da federação possuiam aglomerações com este volume de pessoas.

As cidades entre 200 mil e 500 mil habitantes existiam em apenas 5 estados em 1940, saltando para 19 estados em 1980. No ano de 1940, 2 estados, todos no Sudeste, tinham cidades com mais de 500 mil pessoas, indo para 15 estados em 1980, 5 no Sudeste e 2 no Sul.

Chegamos às cidades milionárias, classificação de Milton Santos para as aglomerações a partir de 1 milhão de habitantes. São Paulo e Rio de Janeiro eram as duas únicas cidades deste tipo em 1960. Já em 1991, existiam 12 cidades milionárias. Nas palavras do autor,

“Esses números ganham maior significação se lembrarmos que, em 1872, a soma da população das dez maiores cidades brasileiras não chegava a um milhão de habitantes, reunindo apenas 815 729… Esta é a nova realidade da macrourbanização ou da metropolização.” (p. 83)

As cidades milionárias compõem as regiões metropolitanas, que para Santos vão além daquelas classificadas oficialmente como metrópoles. Ele cita como exemplo Brasília e suas cidades satélites, Campinas, Santos, Manaus e Goiânia, além de cidades no Norte do Paraná.

Essas localidades possuem mais de um município, que se aglomeram em torno de um município núcleo, normalmente maior e mais populoso. Outro ponto em comum reside nos programas especiais para o desenvolvimento local com investimento do Estado.

As regiões metropolitanas são espaços da socialização capitalista, caracterizadas por grande expansão periférica e concentração de serviços. Mas, é a região metropolitana de São Paulo que mais se destaca. Seu crescimento é o maior entre todas as outras desde a década de 1960, com aumento dos municípios circundantes desde os anos 60, apresentando maior atração de imigrantes ultrapassando o Rio de Janeiro. Sobre isso,

“Há mudança de ritmo considerável entre as duas maiores aglomerações do país a partir de 1950, com aceleração dos ganhos demográficos na região metropolitana de São Paulo. Esta absorve quase 40% do incremento total das regiões metropolitanas entre 1960 e 1970 e mais 40% entre 1970 e 1980.” (p. 86)

Milton Santos fala de macrourbanização e da metropolização, que se caracteriza pela concentração de pessoas e de pobreza no espaço urbano. Nessas áreas estão inseridas as atividades mais modernas do território, com diversidade de capital e transformações na divisão do trabalho. As regiões metropolitanas também se tornaram centro de irradiação ideológica, com produção e difusão de conhecimentos e modelagem das mentalidades no país.

O autor alerta para a pobreza dos estudos metropolitanos atuais. Segundo ele, as pesquisas esbarram em um planejamento limitado e restritivo, na busca de uma definição formal do fenômeno da metropolização, além da influência dos financiadores destes trabalhos, buscando conclusões que corroboram com suas ambições. Sendo assim,

“O resultado foi o empobrecimento da pesquisa urbana sobre as metrópoles, tornada repetitiva e monocórdia, e, afinal, praticamente esvaziada. A pesquisa vai para um lado, a realidade aponta para outro.” (p. 88)


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