APRENDIZAGEM DA AVALIAÇÃO | FICHAMENTO

 

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011


APRENDIZAGEM DA AVALIAÇÃO

“Nossa história da avaliação da aprendizagem é recente, enquanto nossa história dos exames escolares já é um tanto mais longa. Os exames escolares, que conhecemos e hoje ainda praticamos em nossas escolas foram sistematizados no decorrer dos séculos XVI e XVII, junto com a emergência da modernidade.” (p. 27)

Luckesi inicia o primeiro capítulo diferenciando exame e avaliação. Enquanto o primeiro é um modelo já conhecido há milhares de anos, o segundo só começou a ser trabalhado em 1930 a partir da expressão “avaliação”, criada por Ralph Tyler para designar os cuidados necessários à aprendizagem, diante de sua preocupação com as baixas taxas de aprovação no período, em cerca de 30%.

Para o sucesso da avaliação, é necessário aplicar o ensino por objetivos, onde é preciso ser claro acerca do objeto a ser aprendido e dos instrumentos necessários ao educador para alcançar os objetivos. Assim, avaliar é fundamental para ensinar, diagnosticar, prosseguir em caso de sucesso e repensar em caso de fracasso.

Mesmo revolucionário, o conceito de avaliar possui baixa projeção na educação ocidental. Aqui no Brasil, os debates sobre avaliação só foram iniciados entre os anos 60 e 70. A Lei n. 5.692, de 1971 substituiu a denominação “exames escolares” por “aferição do aproveitamento escolar”. A denominação “Avaliação da aprendizagem” só apareceu na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Essa modificação institucional não alterou, no entanto, a prática ainda fundamentada na pedagogia do exame. Para Luckesi,

“Estamos necessitando de ‘aprender a avaliar’, pois que, ainda, estamos mais examinando do que avaliando. Nosso senso comum, na vida escolar, é de examinadores e não de avaliadores.” (p. 29)

Enquanto o exame é excludente, já que classifica e seleciona, a avaliação serve para diagnosticar e incluir. Por isso, o ato de avaliar é o mais adequado para fomentar o aprendizado, objetivo maior do estudante e do sistema escolar. Portanto, é fundamental que a escola e os educadores invistam nesta prática. Aprender a avaliar é uma habilidade fundamental a todo educador e na superação do ato automatizado de examinar.

Nessa empreitada, Luckesi destaca a importância dos conhecimentos teóricos aliados com sua aplicação no cotidiano escolar na medida em que

“Os conceitos poderão ser aprendidos nos livros e nos artigos de revistas especializadas, assim como em conferência e debates, a prática terá que ser aprendida no dia a dia da vida escolar, experimentando, investigando, buscando novas possibilidades, ultrapassando os impasses e incômodos, sempre assentados sobre conhecimentos significativos e válidos.” (p. 30)

A ação avaliativa demanda paciência, pois colocar o conhecimento em prática é uma trajetória lenta e gradual. Durante o processo, o educador precisa desejar e se dedicar em aprender a avaliar, refletindo cotidianamente sobre sua prática e investimento rotineiramente suas energias nisso, pois a aprendizagem só é verdadeira quando é cotidiana e o conhecimento adquirido é colocado em prática.

É por isso que Luckesi destaca que para aprender a avaliar é preciso ter disposição e abertura ao tema e desejo em aprender. No dia a dia, devemos nos debruçar sobre os resultados da aprendizagem, repensando nossa ação pedagógica questionando as causas de possíveis defasagens, muitas vezes resultado de instrumentos avaliativos inadequados ou negligência às necessidades dos estudantes.

Analisar a prática é fundamental para as transformações, que Luckesi define como verdadeiras aprendizagens. É por meio da reflexão que adquirimos a consciência crítica sobre o que fazemos em sala de aula e podemos converter a informação e prática, o que precisa de persistência e resiliência.

Logo, a prática do exame só será superada por meio da reflexão e dedicação, além de analisar e compreender as experiências anteriores, comparando e refletindo sobre o que deu certo e o que não deu certo. Só assim poderemos ingressar num novo modo de aprender e agir, desapegando do que está há muito impregnado em nossas vidas de professores e estudantes. Assim sendo,

“As crenças são modos de agir que estão fortemente cimentadas em nosso corpo e em nossa psique, por isso, para mudá-las, necessitamos de atenção e investimentos conscientes e efetivamente desejados. Só quem deseja aprender, com ardor, aprende!” (p. 32)


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