AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, MAIS UMA VEZ | FICHAMENTO


 



LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, MAIS UMA VEZ


“O ato de examinar não importa que todos os estudantes aprendam com qualidade, mas somente a demonstração e classificação dos que aprenderam e dos que não aprenderam. E isso basta. Deste modo, o ato de examinar está voltado para o passado, na medida em que deseja saber do educando somente o que ele já aprendeu; o que ele não aprendeu não traz nenhum interesse.” (p. 62)


Ao analisar um determinado grupo de crianças, Luckesi notou uma grande transformação. Do Ensino Infantil ao atual 5° do Ensino Fundamental, os estudantes investiam no processo de aprendizagem com muita ludicidade, prazer e diversão. Já a partir do 6° ano, o que se viu foi o olhar das crianças cada vez mais voltado para o produto final, traduzido na nota. O ensino deixa de ser divertido e passa a se traduzir na busca por pontos.

Isso mostra que, apesar de os debates sobre avaliação estarem amadurecidos, os ideais progressistas de uma educação libertadora não são colocados em prática na sala de aula englobando também o ato de avaliar, traduzido, quase sempre na tarefa de examinar. Para o autor o exame tem por objetivo classificar os estudantes em aprovados ou reprovados, olhando para o passado ao invés de se debruçar sobre o que o educando não conseguiu aprender.

O ato de avaliar, por sua vez, consiste na investigação sobre a qualidade do trabalho docente, buscando intervenções para a melhoria dos resultados da aprendizagem. Na função diagnóstica,


“Como investigação sobre o desempenho escolar dos estudantes, ela gera um conhecimento sobre o seu estado de aprendizagem e, assim, tanto é importante o que ele aprendeu como o que ele ainda não aprendeu.” (p. 62)


Diferentemente do exame, a avaliação trata do investimento no processo de aprendizagem fomentando a busca pelo conhecimento e não pela nota.

Ao investir no processo, o professor pensa os procedimentos a serem adotados na busca do melhor resultado. Qualificando o desenvolvimento, a análise dos resultados direciona a intervenção com intuito de fazer com que todos alcancem o desenvolvimento satisfatório. Isso é diferente de investir no produto, onde apenas o resultado final importa e a nota aparece como expressão única do aprendizado, encerrando o processo.

Escolher entre produto e processo impõe refletir sobre a condição humana. Ao nos entender como seres prontos e acabados, podemos considerar que o resultado está dado e que o estudante é o culpado pelo próprio fracasso, recebendo um rótulo.

Se olharmos o ser humano como uma obra em construção, podemos investir para que ele melhore continuamente. Sendo assim,


“A pedagogia que sustenta o exame se contenta com a classificação, seja ela qual for; a pedagogia que sustenta o ato de avaliar não se contenta com qualquer resultado, mas somente com o resultado satisfatório. Mais que isso; não atribui somente ao educando a responsabilidade pelos resultados insatisfatórios; investiga suas causas, assim como busca e realiza ações curativas.” (p. 64)


Na pedagogia que investe no processo, o foco está voltado para a formação do estudante em todas as suas dimensões. Nela, o exame é apenas uma das ferramentas utilizadas na prática educativa. Os simulados e provas não determinam o resultado final e tampouco devem ser utilizados para ameaçar os estudantes. Assim, as provas podem ser uma oportunidade de autoavaliação e autorreflexão sobre o que ainda precisa aprender.

Para Luckesi, a pedagogia do processo é a única garantia de um ensino de qualidade, onde os resultados não devem ser obtidos, mas sim construídos. Para isso, é preciso constantemente diagnosticar, coletando dados para a avaliação focando no essencial a ser ensinado e aprendido. Os exames na pedagogia do processo devem englobar tudo que deve ser aprendido e não servir de armadilhas para o estudante. Desse modo, é possível fazer o melhor diagnóstico para promover a melhor intervenção. Segundo o autor,


“Isto é investir no processo, o que, por sua vez, produzirá o melhor produto para todos. E, então, nossas crianças e nossos adolescentes criarão para si mesmos valores, que os orientarão na vida para dar o melhor de si naquilo que fazem, com cuidado e alegria, muito além do cumprimento de uma tarefa para somente, e tão somente, ‘tirar uma nota’.” (p. 65)


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