A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA - PARTE 02 | FICHAMENTO

 



TEXTO ANTERIOR: A URBANIZAÇÃO PRETÉRITA

SANTOS, Milton. A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2013.


EVOLUÇÃO RECENTE DA POPULAÇÃO URBANA, AGRÍCOLA E RURAL

“Entre 1940 e 1980, dá-se verdadeira invasão quanto ao lugar de residência da população brasileira. Há meio século atrás (1940), a taxa de urbanização era de 26,35%, em 1980 alcança 68,86%. Nesses quarenta anos, triplica a população total do Brasil, ao passo que a população urbana se multiplica por sete vezes e meia.” (p. 31)

Na época em que o livro foi escrito, a população urbana era de cerca de 77% dos brasileiros. Em 2015 pulou para 85%. Até os anos 1960, o crescimento da população urbana se deu em ritmo menos acelerado do que o da população total do país, mas, desde então, deu-se um grande salto.

Entre 1960 e 1980 a população urbana cresceu aproximadamente em 50 milhões de pessoas. Nos dez anos seguintes, os habitantes da cidade aumentaram em 40%, ao passo que a população brasileira cresceu 26%. Segundo o autor,

“O forte movimento de urbanização que se verifica a partir do fim da Segunda Guerra Mundial é contemporâneo de um forte crescimento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, cujas causas essenciais são os progressos sanitários, a melhoria relativa nos padrões de vida e a própria urbanização.” (p. 33)

No campo, Milton Santos diferencia a população rural da população agrícola. A primeira engloba residentes e trabalhadores do campo, enquanto a segunda trata dos trabalhadores do campo com residência na área urbana.

A população agrícola sofreu uma grande explosão demográfica, fruto das mudanças nas tendências demográficas ao longo da segunda metade do século XX. Entre 1940 e 1950 a mortalidade estava em 20,6% contra 44,4% de natalidade. Já na década seguinte, a mortalidade estava em 13,4% em oposição aos 43,3% de natalidade.

Esse crescimento se deu de forma heterogênea no território brasileiro, já que, segundo Santos, ele se deu de uma forma nas regiões de ocupação antiga, e de outra forma no contexto da expansão da fronteira agrícola e da migração inter-regional da segunda metade do século XX.

Até os anos 1980, com exceção da Região Sudeste, o crescimento da população agrícola foi positivo, apesar de registrar queda em quatro estados: Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. As maiores perdas relativas se deram em São Paulo, com queda de 17,70% na década de 1960 e 1970, e de 20,31% entre 1970 e 1980; em Pernambuco, com descenso de 10,68% nos anos 60; e o no Paraná, com decréscimo de 8,76% nos anos 1970.

O crescimento da população rural foi positivo entre 1960 e 1980 nas regiões Norte e Nordeste. Nas outras localidades, a redução populacional do contingente do campo se deu em média de 800 mil nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. No Brasil moderno, segundo Milton Santos, o crescimento da população agrícola se dá de forma mais acelerado do que o da rural. E ele ainda pontua que

“A população agrícola torna-se maior que a rural exatamente porque uma parte da população agrícola formada por trabalhadores estacionais (os boias-frias) (Graziano da Silva, 1989) é urbana pela sua residência. Um complicador a mais para nossos velhos esquemas cidade-campo” (p. 36)

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