O OBJETO DA GEOGRAFIA | FICHAMENTO

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MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 21. ed. São Paulo: Anablume, 2007.

O OBJETO DA GEOGRAFIA


“Apesar da antiguidade do uso do rótulo Geografia, que foi mesmo incorporado ao vocabulário cotidiano [...], em termos científicos há uma imensa controvérsia sobre a matéria tratada por essa disciplina.” (p. 31)


Um dos grandes dilemas para o estudante de Geografia na atualidade, no ensino básico ou no ensino superior, é a questão do objeto de estudo da disciplina. Não é incomum que a depender do tema que se está estudando a Geografia hora se pareça com História, hora com Ciências. No ensino básico, fica parecendo que a única realmente própria da Geografia são as questões que envolvem mapas e localização.


Essa dificuldade de apontar o objeto de estudo da disciplina vem de muito tempo, e já era um problema de cunho acadêmico. Para muitos a Geografia estuda a superfície terrestre, concepção vaga, já que a complexidade da superfície da Terra a tornaria impossível de ser objeto de uma única disciplina. A consideração desse objeto para estudo da Geografia estava apoiada no próprio significado do termo Geografia, que literalmente é descrição da Terra. 


A Geografia então seria uma ciência de sínteses acrítica, que reuniria os dados produzidos pelas demais ciências, sustentada por uma visão de conjunto, onde o planeta funcionaria como um organismo vivo e cada parte contribui para o funcionamento do todo. Moraes aponta para um problema nessa concepção, visto que não havia um significado preciso do termo superfície terrestre, que engloba a litosfera, a biosfera e a hidrosfera.


Outros estudiosos apontaram o estudo da paisagem como objeto da Geografia. Com isso, o estudo da disciplina ficaria limitado a análise restrita ao visível, sintetizando seus múltiplos fenômenos. Sobre essa visão, Moraes afirma que,


"Esta perspectiva apresenta duas variantes, para a apreensão da paisagem: uma, mantendo a tônica descritiva, se deteria na enumeração dos elementos presentes e na discussão das formas - daí ser denominada morfológica. A outra, se preocuparia mais com a relação entre os elementos e com a dinâmica destes apontando para um estudo de fisiologia, isto é, do funcionamento da paisagem." (p. 32)


A perspectiva morfológica então teria seus fundamentos na estética e na observação do horizonte para formular a explicação. Na perspectiva fisiológica, fundamentada na Biologia, remete à ideia de organismo que, como já dito anteriormente, os elementos interagem e possuem funções vitais. Segundo Moraes, essa última introduziu a ecologia no domínio geográfico.


Um outro objeto proposto para a Geografia é o estudo individual dos lugares, onde se analisaria todos os fenômenos em determinada área levando, assim, a compreensão compartimentada de cada parte do planeta, valorizando a individualidade do local. Hoje, conhecemos esse tema como Geografia Regional. Também foi proposto o estudo da diferenciação das áreas, que trás uma visão comparativa dos lugares.


Para alguns autores, a Geografia estudaria o espaço, concepção minoritária e pouco desenvolvida que qualificaria a análise geográfica. O problema seria explicar o que se entende por espaço. Para Moraes,


"Esta perspectiva da Geografia como estudo do espaço, enfatiza a busca da lógica da distribuição e da localização dos fenômenos, a qual seria a essência da dimensão espacial. Entretanto, esta Geografia, que propõe a dedução, só conseguiu se efetivar à custa de artifícios estatísticos e da quantificação." (p. 34)


O estudo das relações entre o homem e o meio é outro objeto apontado para a Geografia. A disciplina deveria então explicar o relacionamento entre sociedade e natureza sendo elo de contato entre as ciências naturais e as ciências humanas. O problema é que esse objeto pode ser visto de diversas formas como a determinação das condições naturais sobre a história humana ou na ideia de transformação do meio pelo ser humano invertendo a ordem.


Para encerrar, Moraes escreve,


"Do que foi dito, pode-se depreender que inexiste um consenso, mesmo no plano formal, a respeito da matéria tratada pela Geografia. As várias definições formais de objeto atestam a controvérsia reinante. Diante deste fato, muitas pessoas poderiam perguntar de onde vem ou mesmo se existe, a unidade do pensamento geográfico" (p. 37)


PRÓXIMO TEXTO: O POSITIVISMO COMO FUNDAMENTO DA GEOGRAFIA TRADICIONAL


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