PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 15 | FICHAMENTO

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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

ENSINAR EXIGE DISPONIBILIDADE PARA O DIÁLOGO

“É na minha disponibilidade à realidade que construo a minha segurança indispensável à própria disponibilidade. É impossível viver a disponibilidade à realidade sem segurança, mas é impossível também criar segurança fora do risco da disponibilidade.” (p. 132)

As relações pessoais nos permitem o convívio com opiniões divergentes e exige o respeito às diferenças e a reflexão de nossas palavras nas ações. O papel do professor então é demonstrar a segurança necessária ao discutir temas diversos, expondo sem medo suas posições diante da realidade, dessa forma, buscando sempre conhecer mais.

O desconhecimento, fruto do inacabamento humano, deve ser assumido pelo professor, abrindo caminho para o conhecer, promovendo assim a abertura aos outros. Essa abertura também é parte da atividade docente. A importância de abrir-se é relatada por Paulo Freire da seguinte forma:

"Preciso, agora, saber ou abrir-me à realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade pedagógica. Preciso tornar-me, se não absolutamente íntimo de sua forma de estar sendo, no mínimo, menos estranho e distante dela." (p. 134)

Conhecer o contexto ao redor da escola em que trabalha é fundamental e esse saber, no entender de Freire, deve ser insistido na formação docente. Compreender a condição social e econômica em vive seu educando é fundamental para que se possa unir o saber à prática, reduzindo a estranheza em relação ao estudante e possibilitando a decisão ético-política de se inserir no mundo. Nesse contexto, o autor adverte que,

"Diminuo a distância entre mim e a dureza de vida dos explorados não com discursos raivosos, sectários, que só não são ineficazes porque dificultam mais ainda a minha comunicação com os oprimidos." (p. 135)

Essa diminuição da distância entre o professor e as condições adversas de seus educando-os ajuda-os a buscar a superação, promove o saber fundamentado na ética e trabalha com a revelação das verdades propositadamente escondidas. Essa diminuição também cria a possibilidade de unir o saber técnico à vontade de transformar a realidade, numa árdua luta contra esse tempo de informações rápidas, volumosas e vazias. Ao comentar essa última situação, Paulo Freire afirma que,

"O poder dominante, entre muitas, leva mais uma vantagem sobre nós. É que, para enfrentar o ardil ideológico de que se acha envolvida a sua mensagem na mídia, seja nos noticiários, nos comentários aos acontecimentos ou na linha de certos programas, para não falar da propaganda comercial, nossa mente ou nossa curiosidade teria de funcionar epistemologicamente todo o tempo." (p. 137)

ENSINAR EXIGE QUERER BEM AOS EDUCANDOS

A última exigência para o ensino colocada pelo autor na obra é a de querer bem aos educandos. Parte essencial da atividade pedagógica, esse saber nos faz assumir a afetividade sem temor e sela o compromisso nosso junto aos estudantes. O autor ainda reforça que,

"Na verdade, preciso descartar como falsa a separação radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e ‘cinzento’ me ponha nas minhas relações com os alunos no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar." (p. 138)

A alegria é outro elemento fundamental à experiência de educar e sua presença não exclui a rigorosidade e a seriedade. Parte do processo de busca, a alegria nos permite despertar e estimular o gosto de querer bem, dá sentido à nossa atividade e confere o caráter de vocação e dedicação à docência mesmo diante de condições tão precárias e adversas de trabalho. Nesse caso, Freire chama atenção:

"Mas é preciso, sublinho, que, permanecendo e amorosamente cumprindo o seu dever, não deixe de lutar politicamente por seus direitos e pelo respeito à dignidade de sua tarefa, assim como pelo zelo devido ao espaço pedagógico em que atua com seus alunos." (p. 139)

A prática docente é uma enorme responsabilidade ética que, além de exigir capacitação científica, nos delega a enorme tarefa de lidar com gente. Dessa forma, consideramos a condição humana fundante da educação e conscientemente inacabada. Condição essa que deve estar no íntimo do educador progressista.

Por isso, o autor reforça para o combate à ideologia fatalista neoliberal, que tira a esperança, impõe o treinamento técnico e prioriza o transferência de saberes em detrimento da formação. Logo,

"Não importa com que faixa etária trabalhe o educador ou a educadora. O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem ou adulta, mas gente em permanente processo de busca." (p. 141)

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