PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 07 | FICHAMENTO

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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

ENSINAR EXIGE O RECONHECIMENTO DE SER CONDICIONADO

"Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado." (pp. 52-53)

O contexto social e as condições que herdamos, sejam elas biológicas e genéticas ou social, cultural e históricas nos condicionam como ser humano, cujo traço fundamental é a capacidade de se reconhecer como presença no mundo. Tal habilidade demanda a capacidade de intervir na realidade, se inserindo nela ao invés de apenas se adaptar e nos torna sujeitos no mundo.

É a capacidade de se reconhecer no mundo e se reconhecer como ser condicionado que nos permite superar o discurso fatalista neoliberal. O combate a ele deve ocorrer de forma consciente do mundo, dos fatos e dos acontecimentos, e está posto na curiosidade epistemológica e exige consciência de nosso incabamento. Freire enfatiza essa ideia ao dizer que

"Não posso me perceber como uma presença no mundo, mas, ao mesmo tempo, explicá-la como resultado de operações absolutamente alheias a mim. Neste caso o que faço é renunciar à minha responsabilidade ética, histórica, política e social que a promoção do suporte ao mundo nos coloca." (p. 53)

Com isso o autor esclarece que o condicionamento não nos isenta da responsabilidade sobre nossas ações e nosso ser no mundo, nos tornando éticos. Essa ética não pode ser transgredida e precisa insistentemente ser reforçada na formação.

A nossa presença no mundo é fundada por nossa inconclusão e nos leva à busca constante nos fazendo seres históricos, tornando a educação um processo permanente, nos dando consciência. Tal incabamento é necessário para que possamos transformar o saber em sabedoria. Logo,

"Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem ‘tratar’ sua própria presença no mundo, sem sonhar, sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência, ou teologia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem ideias de formação, sem politizar não é possível." (p. 57)

ENSINAR EXIGE RESPEITO A AUTONOMIA DO SER DO EDUCANDO

Paulo Freire prega o respeito à autonomia do ser do educando e o coloca como tarefa constante do educador e um imperativo ético a prática formadora. Como fundamentos éticos do professor em relação ao aluno, o autor aponta o respeito à sua curiosidade, atenção à sua inquietude, a rejeição à qualquer forma de autoritarismo, proposição de limites à sua liberdade - contrariando aqui os críticos que não leram sua obra -, o crescimento com o diálogo, o veto de qualquer tipo de discriminação e a não naturalização das barbáries às quais estamos submetidos. Para finalizar, Paulo Freire afirma que,

"É nesse sentido que o professor autoritário que, por isso mesmo, afoga a liberdade do educando, amesquinhando o seu direito de estar sendo curioso e inquieto, tanto quanto o professor licencioso, rompe com a radicalidade do ser humano - a de sua inconclusão assumida em que se enraiza sua eticidade." (p. 59)

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