PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 14 | FICHAMENTO

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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

ENSINAR EXIGE RECONHECER QUE A EDUCAÇÃO É IDEOLÓGICA

“Saber igualmente fundamental à prática educativa do professor ou da professora é o que diz respeito à força, às vezes maior do que pensamos, da ideologia. É o que nos adverte de suas manhas, das armadilhas em que nos faz cair.” (p. 122)

Não há como dissociarmos a educação da ideologia e nem alegar que a praticamos livres de influência ideológica. A educação proclamada como eficiente e executada aqui no Brasil é aquela fundada na ideologia neoliberal sob o processo de globalização que, segundo Freire, faz uso da linguagem para disfarçar a realidade.

O discurso fatalista neoliberal, tantas vezes citado na obra, é imposto através do ensino técnico em detrimento da formação, sufocando o sonho e naturalizando o desemprego como o mal do século, onde não há nada a se fazer. A inevitável globalização econômica universaliza a lógica capitalista e a homogeniza sem considerar as condições anteriores e atuais dos países onde ela foi inserida.

Pregando a fantasiosa ideia de superação das fronteiras no contexto da exaltada aldeia global, esse discurso convence os prejudicados pelo sistema de que a realidade é assim mesmo e que a única saída é se adaptar e competir nesse mundo cruel e insensível. Esperançoso, Freire escreve que,

"Espero, convencido de que chegará o tempo em que, passada a estupefação em face da queda do muro de Berlim, o mundo se refará e recusará a ditadura do mercado, fundada na perversidade de sua ética do lucro." (p. 125)

Para o autor será a percepção do mal-estar frente às desigualdades impostas pelo neoliberalismo que suscitará a rebeldia em busca do humanismo e da solidariedade, promovendo a união dos sofridos contra a aflição, incentivando a radicalidade em defesa dos interesses humanos, pregando a ética universal, também tratada nesta obra.

A liberdade de comércio, exaltada pelo discurso neoliberal, não deve estar acima da liberdade humana. Ao buscar a licenciosidade do lucro sem limites, ele se torna privilégio de poucos e aprofunda o abismo da desigualdade.

Freire prega então a recusa ao determinismo. Determinismo esse que naturaliza o desemprego, prega a inevitabilidade da globalização e que defende o mundo controlado por uma minoria poderosa. O autor critica também o endeusamento da tecnologia, que diante da lógica capitalista, se desenvolve a serviço do mercado, já que,

"A um avanço tecnológico que ameaça milhares de mulheres e de homens de perder seu trabalho deveria corresponder outro avanço tecnológico que estivesse a serviço do atendimento das vítimas do progresso anterior." (p. 127)

A tarefa do professor então é estar advertido quanto ao poder do discurso ideológico e reconhecer na ideologia o seu poder de persuasão. Ao invés de proclamar a morte das ideologias ou se apresentar como livre delas, o professor deve lutar contra as ideologias que anestesiam, que distorcem fatos.

Ao resistir ao poder da ideologia, é possível gerar sabedoria à prática docente e fazer com que o professor desenvolva a desconfiança metódica e recuse posições dogmáticas sem se sentir dono da verdade ou se acomodar no discurso pronto. O professor deve estar pronto a tocar e ser tocado, possibilitando perguntar, responder, concordar e discordar, se tornando sensível à realidade e ao mundo. Paulo reforça esse ponto ao afirmar que,

"É na minha disponibilidade permanente à vida que me entrego de corpo inteiro, pensar crítico, emoção, curiosidade, desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil." (p. 131)

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