O MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA | FICHAMENTO

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MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 21. ed. São Paulo: Anablume, 2007.

O MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA

“A crise da Geografia Tradicional e o movimento de renovação a ela associado começam a se manifestar já em meados da década de cinquenta e se desenvolvem aceleradamente nos anos posteriores. [...] Os geógrafos vão abrir-se para novas discussões e buscar caminhos metodológicos até então não trilhados. Isto implica uma dispersão das perspectivas, na perda da unidade contida na Geografia Tradicional.” (p. 103)

No início da segunda metade do século XX, a Geografia Tradicional começou a viver seu período de crise. Vários geógrafos romperam com suas perspectivas diante do desgaste das certezas promovidas elas. Começaram a questionar diversos pontos da Geografia Tradicional que até então passaram ao largo, sendo ignorados.

Dentre esses pontos estão o objeto de estudo, que nunca foi efetivamente definido para a disciplina, o método que davam a Geografia tinha um caráter puramente sintético e descritivo e o significado dessa ciência nunca ficou claro. Para muitos, a crise e a enxurrada de questionamentos foram benéficas, pois abriu para a Geografia a possibilidade de renovar-se.

No período da crise o mundo vivia grandes paradigmas. O modo de produção capitalista atingia sua fase monopolista onde se formaram as grandes corporações que passaram a dominar o mercado, eliminando a concorrência promovida pelos médios e pequenos burgueses.

A crise de 1929 sepultou o liberalismo clássico, que teve de engolir a intervenção estatal, terrivelmente abominada por ele, na economia para solucionar esse problema global. O mundo estava em profunda transformação. A urbanização só crescia; no campo a agricultura se modernizava e a globalização levaria ao desaparecimento dos hábitos e culturas locais em prol de um civilização mundializada. Neste contexto, Moraes afirma que

"O planejamento econômico estava estabelecido como uma arma de intervenção do Estado. E, com ele, o planejamento territorial, com a proposta de ação deliberada na organização do espaço. A realidade do planejamento colocava uma nova função para as ciências humanas: a necessidade de gerar um instrumental de intervenção, enfim uma feição mais tecnológica. A geografia Tradicional não apontava nessa direção, daí sua defasagem e sua crise." (p. 104)

A base filosófica do positivismo clássico também tinha há muito tempo sido superada. Críticas internas e renovações fizeram parte desse processo que, segundo Moraes, foi ignorado pela Geografia Tradicional, sendo ela um dos últimos baluartes do positivismo. 

Outra razão para a crise da Geografia, consistia em problemas internos como a indefinição do objeto de estudo desta ciência, a impossibilidade de generalização dos fenômenos própria do conhecimento científico e os dualismos presentes nas diversas vertentes em que a Geografia se desdobrou.

Cabe ressaltar que esse movimento de renovação foi disperso, resultando em diferentes métodos de interpretação acerca do conhecimento geográfico, gerando um amplo acervo de concepções e duas propostas antagônicas para a Geografia. Dito isso, Moraes concluiu que

"A divisão do movimento de renovação da Geografia em duas vertentes, a Crítica e a Pragmática, está assentada na polaridade ideológica das propostas efetuadas. [...] A unidade ético-política não implica diretamente perspectivas unitárias, com respeito a métodos. Entretanto, isto não esvaece a característica comum de cada conjunto, que transparece, por exemplo, nos horizontes de crítica à Geografia Tradicional." (p. 108)

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