PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 08 | FICHAMENTO

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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

ENSINAR EXIGE BOM-SENSO

“De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre.” (p. 61)

O exercício do bom-senso é de extrema importância para avaliar a prática e deve ser anterior à qualquer reflexão mais rigorosa. O bom-senso é o elemento que impede que a autoridade se transforme em autoritarismo, que auxilia na tarefa de diferenciar licenciosidade e liberdade e permite dividir com o estudante os erros cometidos, criando virtudes ou qualidades. Nas palavras de Paulo Freire:

"Antes, por exemplo, de qualquer reflexão mais detida e rigorosa é o meu bom-senso que me diz ser tão negativo, do ponto de vista da minha tarefa docente, o formalismo insensível que me faz recusar o trabalho de um aluno por perda de prazo, apesar das explicações convincentes do aluno, quanto o desrespeito pleno pelos princípios reguladores da entrega dos trabalhos." (p. 60)

O respeito à autonomia, dignidade e identidade são qualidades indispensáveis para a experiência educativa e é construída a partir da aproximação da prática ao discurso. Considerando que todos os professores, mesmo aqueles mal avaliados pelos alunos, deixam marcas, o autor diz,

"A natureza mesma de sua prática, eminentemente formadora, sublinha a maneira como a realiza. Sua presença na sala é de tal maneira exemplar que nenhum professor ou professora escapa ao juízo que dele ou dela fazem os alunos." (p. 64)

Mas freire pontua que para se alcance a prática ideal,

"O professor tem o dever de dar suas aulas, de realizar sua tarefa docente. Para isso, precisa de condições favoráveis, higiênicas, espaciais, estéticas, sem as quais se move menos eficazmente no espaço pedagógico." (pp. 64-65)

ENSINAR EXIGE HUMILDADE, TOLERÂNCIA E LUTA EM DEFESA DOS DIREITOS DOS EDUCADORES

O respeito aos educadores e à educação deve ser tratado com os educandos desde cedo para que compreendam que a luta dos professores em defesa de seus direitos fazem parte da atividade docente.

O respeito aos educadores só pode ser alcançado pelo cultivo da humanidade e da tolerância entre os educandos, que devem recusar a ideia de que o trabalho de seu mestre se constitui em um bico temporário e que, desde cedo não adquiram uma visão puramente afetiva ao considerá-lo “tio” ou “tia”.

Os alunos e a comunidade devem entender que o professor é um profissional, cuja a tarefa é de extrema importância e que precisa ser valorizada. Na luta pela defesa da educação, Paulo Freire relata que:

"A minha resposta à ofensa à educação é a luta política, consciente, crítica e organizada contra os ofensores. Aceito até abandoná-la, cansado, à procura de melhores dias. O que não é possível é, ficando nela, aviltá-la com desdém de mim mesmo aos educandos." (p. 66)

Dessa forma, Freire rejeita a justificativa das más condições para que, de forma propositada, realiza um mal trabalho.

ENSINAR EXIGE APREENSÃO DA REALIDADE

O movimento claro na prática docente, nos permite conhecer suas diferentes dimensões e auxilia na busca do conhecimento objetivo das coisas. O professor consciente não se adapta à realidade diversa, mas busca transformá-la, recriando-a, não aceitando o adestramento como forma de ensino. Esse mesmo professor busca desenvolver no seu estudante a habilidade de aprender, prezando pela construção do conhecimento, rejeitando a prática da memorização mecânica.

Educadores e educandos têm de compreender que a educação, assim como todas as dimensões da vida humana, não é neutra. Exigindo coerência com a teoria, a educação deve caminhar para a autonomia, promover a ruptura e a superação das injustiças e não se furtar às ideias contrárias, permitindo que o outro se manifeste. Em relação ao estudante, Freire afirma que,

"Não posso negar-lhe ou esconder-lhe minha postura mas não posso desconhecer o seu direito de rejeitá-la. Em nome do respeito que devo aos alunos não tenho porque me omitir, porque ocultar minha opção política, assumindo uma neutralidade que não existe." (p. 69)

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